Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa,
a 8 de Dezembro de 1894, sendo baptizada, com o nome de Flor Bela Lobo, a 20 de
Junho do ano seguinte, como filha de Antónia da Conceição Lobo e de paiincógnito.
É em Vila Viçosa que se desenrola a sua infância.
Em Outubro de 1899, Florbela começa a frequentar o ensino pré-primário,
passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Espanca (algumas vezes, opta por
Flor, e outras, por Bela). Em Novembro de 1903, aos sete anos de idade,
Florbela escreve a sua primeira poesia de que há conhecimento, «A Vida e a
Morte», mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde já,
a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexa. Ainda
no mesmo ano, Florbela começa a escrever uma poesia sem título, o seu primeiro
soneto.
Conclui a instrução primária em Junho de 1906, entrando para
o actual sexto ano de escolaridade em Outubro do mesmo ano. No ano seguinte,
Florbela aponta os primeiros sinais da sua doença,
a neurastenia; além disso, escreve o seu primeiro conto, «Mamã!». Em 1908,
Antónia Lobo, a mãe de Florbela morre vítima de neurose, após o que a família
se desloca para Évora, para Florbela prosseguir os seus estudos no Liceu André
Gouveia, com o chamado Curso Geral do Liceu, cuja sexta classe (próxima do 10º
ano actual) completa em 1912. Entretanto, em 1911, começa a namorar com Alberto
Moutinho, mas acaba por se afastar deste, em virtude de uma nova paixão por
José Marques, futuro director da Torre do Tombo. Após romper com este, no ano
seguinte, Florbela reata o namoro com Alberto Moutinho e, a 8 de Dezembro, uma
vez emancipada, casa com ele, pelo civil, aos 19 anos.
Em 1914, apesar de algumas dificuldades económicas, o casal
muda-se para o Redondo, na Serra d'Ossa, onde abre um colégio e lecciona. Numa
festa do colégio, Florbela recita, pela primeira vez, versos seus em público. É
no ano seguinte que Florbela inicia o seu caderno «Trocando
Olhares», que completa ao longo de cerca de um ano e meio. Em 1916,
a revista «Modas e
Bordados» publica o
soneto «Crisântemos», cheio de alterações ao original, e Florbela torna-se
amiga da directora e da sub-directora da revista, Júlia Alves, com quem, aliás,
inicia correspondência. Alguns meses depois, torna-se colaboradora do jornal
«Notícias de Évora», e desiste de um projecto intitulado «Alma de Portugal», um
livro de acentuada carga
patriótica, e que conteria as partes «Na Paz» e «Na Guerra».
Em 1917, após ter regressado a Évora, Florbela completa o
actual 11º ano do Curso Complementar de Letras, com catorze valores; apesar de
querer seguir essa área, acaba por se inscrever, em Outubro, na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa, o que a obriga a mudar-se para Lisboa, onde
começa a contactar com a vida boémia.
Na sequência de um aborto involuntário, em 1919, Florbela tem de se mudar para Quelfes, perto de Olhão, onde
apresenta os primeiros sintomas sérios de neurose. Pouco depois, o seu
casamento desfaz-se e Florbela decide ir para Lisboa prosseguir o curso,
separando-se do marido, e passando a conhecer a rejeição da
sociedade. Em Junho de 1919, depois de alguma correspondência
trocada com Raul Proença, sai a lume o «Livro de Mágoas»;
posteriormente, completa o terceiro ano de Direito. No ano seguinte inicia «Claustro das
Quimeras»; simultaneamente, passa a viver com António Guimarães, em
Matosinhos, com quem se casa em 1921, após o primeiro divórcio.
De volta a Lisboa, em 1923, Florbela vê publicado o «Livro de
Soror Saudade», mas tem de se mudar rapidamente para Gonça, perto de
Guimarães, para se tratar de um novo aborto. Assim, Florbela separa-se do
marido, que pede o divórcio, oficializado em 1924; isso leva a que a família de
Florbela não lhe fale durante dois anos, o que a abala muito.
Em 1925, depois de se ter mudado para a casa de Mário Lage em Esmoriz, casa com ele, pelo civil
e, depois, pela Igreja. Dois anos depois, enquanto Florbela traduz romances
franceses para a Livraria Civilização no Porto (que publica oito trabalhos
seus), e prepara «O Dominó
Preto», o seu irmão falece, o que a torna uma mulher
triste e desiludida e inspira «As Máscaras
do Destino». Enquanto a relação com o marido se desgasta
progressivamente, a neurose de Florbela agrava-se bastante; é neste período
que, possivelmente, se apaixona pelo pianista Luís Maria Cabral, a quem dedica
«Chopin» e «Tarde de Música»; talvez por isso, tenta suicidar-se. Em 1929,
Florbela passa por Lisboa, onde lhe é recusada a participação no filme «Dança
dos Paroxismos», de Jorge Brum do Canto, e segue para Évora, onde, em 1930,
começa a escrever o seu «Diário do Último Ano». Passa, então a colaborar nas revistas
«Portugal Feminino» e «Civilização», e trava conhecimento com Guido
Battelli, que se oferece para publicar «Charneca em
Flor». Já em Matosinhos, Florbela revê as provas do livro, depois da
segunda tentativa de suicídio, em Outubro ou Novembro, período em que a neurose
se torna insuportável e lhe é diagnosticado um edema pulmonar. A 8 de Dezembro,
dia do nascimento e do primeiro casamento, Florbela suicida-se,
cerca das duas horas, com dois frascos de Veronal.
www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/florbela_espanca/biografia.html
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